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As trocas e os choques do nosso mundo interno emocional e do ambiente que nos rodeia fazem emergir o Eu consciente  durante o crescimento. Como eu olho e sou olhado, a troca com mãe e pai, como sou protegido ou desprotegido, como sou frustrado ou satisfeito, tudo isso é feito com carinho, com medo, com raiva ou com ansiedade? Todo esse processo permeia nossa estrutura psíquica, internalizamos os personagens e seus significados,  vamos construindo tijolo por tijolo nossa personalidade e cimentando com emoções positivas ou negativas. Na infância tudo ainda é muito fluido e flexível, o inicio dessa construção, o surgimento dos alicerces psíquicos. O tempo passa e a construção fica maior, mais complexa e cheia de buracos que podem resultar em problemas futuros. Se aprendemos que não podemos de maneira alguma expressar emoções, pois isso significa fraqueza, essa economia psíquica se mostra no futuro insustentável. Como conter o fluxo natural de um rio sem provocar um desastre? Em algum momento a barreira irá rachar provocando um enorme estrago. Podemos quebrar muros que protegem de ameaças inexistentes e abrir um novo espaço em nosso mundo interno. A psicoterapia busca revisitar a construção, entender  como certos impulsos e comportamentos se cristalizaram. E  sim, fazer mudanças na forma de olhar e dar sentido para alguns eventos. Para isso teremos que compreender como nos sentimos e encarar detalhes que consideremos feios e que não costumamos olhar. A troca no relacionamento terapêutico busca acolher aquela parte excluída de nós mesmos e ao nos expor nesse relacionamento tudo aquilo que é desconhecido e negado, ao ser verbalizado e expresso surge diante de nós e ao nos contemplar temos a oportunidade de nos ver, nos ouvir e nos conhecer.

Michel Zaharic
CRP 06/92133