Uma reflexão sobre Cultura patriarcal e subjetividade
A luta feminista tem sido muito necessária diante de uma sociedade que abusa e violenta a igualdade em todas as suas formas de expressão. Elenco a busca pelo poder feminino como algo fundamental sob o prisma da subjetividade humana pois seria um alivio nos dogmas patriarcais internalizados tanto em homens como em mulheres.
Culturalmente o feminino é associado as emoções, a proteção , a nutrição e todos os atributos maternos já o masculino é associado ao racionalismo, ao poder, a ciência e a agressividade. Entendo que isso não se comprova de maneira alguma pois estaríamos dizendo que homens, tem menos capacidade de se emocionar ou de cuidar de uma criança ou que mulheres não são tao capazes quanto os homens na ciência e nos esportes por exemplo.
Vejamos como somos criados pensando nas frases que nos são ditas na infância: “Homem não chora!”, “Você é mulherzinha!” ou ‘Isso é coisa de menino!” O padrão cultural cria um padrão interno que se materializa na dificuldade por exemplo de um homem lidar com as próprias emoções ou de mulheres que se submetem e cedem a relacionamentos tóxicos para satisfazer essa “necessidade” de cumprir sua “função” de ser mãe ou de estar casada, conforme os dogmas culturais. E é exatamente nesse ponto que o empoderamento feminino se revela tao fundamental pois a inserção das mulheres em espaços que antes eram restritos aos homens também deve ser acompanhada pela possibilidade dos homens frequentarem os espaços restritos as mulheres e talvez o mais importante para os homens seja o espaço interno e subjetivo que nos é ensinado a evitar, pois seria sinal de “fraqueza”.
Dessa forma fomentamos homens que negam e evitam lidar com as próprias emoções e quando as emoções emergem vem de forma radical e violenta. Jung dizia que era normal termos complexos, o doentio é o complexo nos ter. Quando aprendemos a navegar no nosso mundo interno evitamos as tempestades emocionais desnecessárias e destrutivas, dar expressão e significado a demanda interna colabora para um desenvolvimento emocional saudável. Esse momento que o complexo “nos tem” é expressado na poesia de Arnaldo Antunes:
“Eu fico louco
Eu fico fora de si
Eu fica assim
Eu fica fora de mim”
Vejo uma grande força em quem se permite vivenciar a fragilidade, como todos polos complementares um precisa do outro assim como Yin e Yang da filosofia Taoista. Quem consegue vivenciar o fluxo de emoções sem ser tomado por elas revela uma força interna. Existe uma diferença em lidar com as emoções e ser tomado por elas. Vou dar um exemplo pratico, precisamos de força para vivenciar um luto, uma força que se permite ao desapego fragilizante em todas as fases do luto.
A metáfora do bambu e da arvore em uma tempestade talvez expresse melhor o que quero dizer, em uma tempestade a arvore rígida e aparentemente forte se quebra já o bambu aparentemente frágil e flexível sofre mais a tempestade mas resiste a ela inteiro.
Michel Zaharic
CRP 06/92133
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