Nesse mês de janeiro branco dedicado a saúde mental gostaria de falar sobre empatia, que nos ajuda muito a lidar com um mundo de narrativas diversas.
O que se observa nas redes sociais, nas conversas com os amigos é que anos de fake news associados as bolhas algorítmicas das redes sociais criaram diversas narrativas da realidade, levando as pessoas a se identificarem ou não com essas narrativas. Outra característica importante é que cada narrativa é sustentada por uma emoção mobilizadora, normalmente a raiva/agressividade. Os alvos das fake news são os inimigos pintados de “o mal a ser combatido”, levando o indivíduo a arquetípica luta do bem contra mal, uma vez identificado o mal o processo psíquico leva o indivíduo a combater, reprimir e repugnar todo o mal.
Alguém com uma visão de mundo inflexível não consegue perceber os nuances e as perspectivas das situações e é mais suscetível a este processo. Quando caímos nesse estado ficamos quase que viciados na emoção evocada, pois a agressividade é mobilizadora e subjuga o pensamento racional.
Lembrem se da última vez em que teve muita raiva e como isso dá um foco e nos leva a uma ação impulsiva com resultados ora positivos ora negativos.
Quem exercita a empatia percebe que as pessoas têm histórias de vidas diversas, estão em um momento específico de vida como uma doença na família, um novo emprego, a perda recente de um ente querido e conseguem não reduzir a personalidade de uma pessoa a uma única atitude.
Quando nos furtamos de julgar rapidamente uma pessoa ou uma situação começamos a analisar mais e sem sermos tomados pelo aspecto emocional, somos levados a concluir que na maioria das vezes as pessoas e as situações tem aspectos bons e maus.
Sentimos inveja mas somos capazes de caridade, sentimos raiva mas somos capazes de perdão, sentimos amor mas somos possessivos, podemos mudar o sentimento do ódio para o amor e os exemplos não parariam.
Quando se percebe que a nossa mente é capaz de sentimentos diversos, deixamos de nos julgar perfeitos, inteligentes e cheios de certezas e somos capazes de perceber que todo ser humano é um misto desses sentimentos.
Essa consciência da imperfeição traz uma grande vantagem, se não somos mais perfeitos não exigimos a perfeição dos outros, olhamos com mais compaixão e compreensão.
A empatia nos flexibiliza, nos faz buscar outros significados para as vivências e desta forma não somos vítimas da rigidez que pode levar aos transtornos mentais.
Quando o mal também tem morada em nós, perdoamos o outro com mais facilidade desde que consigamos perdoar a nós mesmos. A empatia cria um vínculo com o outro que compõe forças e fragilidades, um vínculo que tolera o diverso e constrói um aprendizado emocional.
A possibilidade de dar diversos significados as experiencia reduz a possibilidade dos transtornos mentais e amplia nossa visão de mundo e da humanidade.
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