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uando nascemos há em nós uma imagem de mãe pronta para se projetar no ambiente, uma imagem protetora, nutridora e que nos acolhe. A teoria de Jung fala sobre os arquétipos do inconsciente coletivo, são formas sem conteúdo prontas para serem preenchidas pela experiência. Quando a experiência do materno é algo inconstante, conflituoso ou percebido de forma não amorosa, o arquétipo se reveste no seu aspecto negativo e terrível, a vivência é de uma mãe devoradora ou ausente, e isso pode gerar inúmeros problemas para a estruturação do ego. Claro que o mesmo arquétipo pode se projetar em outras figuras no ambiente, então podemos vivenciar o materno em outro cuidador que transmita e cumpra as funções da maternagem amenizando a vivência traumática.

Uma ferida dessa pode refletir de diversas formas no comportamento, não há uma receita dizendo o que pode acontecer, porém uma das possibilidades que já vi acontecer é de um profundo desejo de se vincular e ao mesmo tempo um medo terrível do vínculo gerando um conflito que normalmente se não elaborado aparece sob forma de sintomas. Uma das possibilidades de sintomas são os da depressão, se a vontade de se vincular não pode se expressar pelo medo do vínculo, essa vontade é frustrada e volta para o inconsciente, se não posso me vincular me sinto só e toda energia que teria para vivenciar o novo na vida fica indisponível, sem confiança em si ou nos outros, pois assim funciona a mente, por exemplo se reprimimos a raiva na infância em função de uma educação que não tolera  e reprime comportamentos agressivos, ficamos sem essa energia agressiva que seria importante  para conquistar uma ascensão profissional, o ideal seria educar uma agressividade não adaptativa para uma agressividade adaptativa. Volto a dizer, essa é uma possibilidade pois o fenômeno humano é diverso e rico em possibilidades, é essa especificidade que é buscada no encontro terapêutico, é no encontro que se busca em conjunto, psicólogo e cliente, quais são os nós da vida, e ficando consciente deles fica mais fácil em desatá-los.

Michel Zaharic
CRP 06/92133